“A classe média e sua relação com a perversão social”
O que seria a “Zona Cinza” descrita por Hermann: Segundo o autor “zona cinza é composta por situações ambíguas, impasses éticos, dúvidas legais, confusões afetivas que remontam, no fundo ao dilema infeliz entre o que sabemos sobre um risco de catástrofe e o que nos mobiliza a abstrair os fatos e obstruir os afetos para correr esse risco.”
Quem são os atores que representam a classe média, que o autor nomeia de “classe de meio”, responsáveis por controlar e MEDIAR as definições de risco de tragédias? São todos aqueles DETENTORES DE SABER E COM ACESSO A INFORMAÇÕES privilegiadas: designers, gestores de mídia social, jornalistas, cientistas, acadêmicos, poetas, técnicos de laboratório, engenheiros de algoritmo, psicólogos, médicos, advogados, juristas… eu e talvez você que me lê!
A questão que se coloca é “como eles lidam com seu privilégio ”quando tem a ciência de que uma catástrofe está por vir, sobre como MANIPULAM O SABER PARA GANHAR ALGO: mesmo que esse ganho seja apenas narcísico (fantasístico)? Sobre como uma postura apática e apassivada toma conta dos sujeitos, que passam a ser ASSUJEITADOS frente ao um sistema de valores (capitalista) e que pode matar e também OS/NOS matar?
O autor aponta que…
“… a imaginação da classe de meio, que prefere falar de ‘lições da natureza’ e de ‘aulas da dura realidade’ (quando a catástrofe já está em curso), costuma ser capturada pela ideia de se ‘fazer a coisa certa’, de ‘viver do jeito certo’ o risco da catástrofe. Assim, a postura refratária acaba transformada numa mera questão de etiqueta.”
Segundo o autor…
Os afetos que permeiam a “zona cinza” são: “frieza suicido, o pânico frio e o vazio existencial que alimenta uma clarividência dem@níaca (…) que são formas diferentes de se manter em suspenso diante do dilema feliz entre o que sabemos do risco de catástrofe e o que nos mobiliza a correr esse risco em nome da acumulação de capital e da preservação do status quo burguês.”
Aqui faço um paralelo com Calligaris, que aponta em “O grupo e o mal: estudo sobre a perversão social”, nossa capacidade de “obedecer e ordenar meticulosamente, não tendo dificuldade alguma em SE SUBMETER, dedicando-se a observar com rigor os regulamentos”… em Hermann vemos que estes mesmos regulamentos podem ser os propulsores da catástrofe, quando arquitetados para não parar a máquina capitalista, quando manipulados para servir ao “sistema”, cujo freio é responsabilidade da classe de meio.
Ou seja… observando bem os regulamentos e seguindo ordens podemos nos DESRESPONSABILIZAR quando a catástrofe bate a nossa porta, temos um álibi, exatamente como Eichmann, que fazendo um “bom trabalho”, seguindo regulamentos e ordens mandou para o forno milhares de judeus, sem culpa alguma… aqui reside a perversão social. Como a classe de meio pode, então, NÃO ser acometida pela “Síndrome de Eichmann”?
Para descobrir: leia!
HERMANN, V. Zona cinza: a classe média no meio da catástrofe. Belo Horizonte: Relicário, 2024;
CALLIGARIS, C. O grupo e o mal: estudos sobre a perversão social. São Paulo: Fósforo, 2022.
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Fonte da imagem: Canva